PAIS E FILHOS: DA DEPENDÊNCIA A AUTONOMIA

No processo de crescimento das crianças podemos ver algo muito bonito acontecendo. Elas nascem em uma condição de dependência total e seguem o seu desenvolvimento, passando por muitas fases, até alcançar sua autonomia e toda a sua capacidade física, emocional, cognitiva e relacional.

As vezes tenho a impressão de que alguns pais acreditam que os filhos vivem esse processo sozinho. Isso não é possível, afinal os pais também estão crescendo e desenvolvendo o seu papel de pai e mãe daquele filho, mesmo que já tenha outro filho.

Os pais de uma criança de 1 ano, são convidados a crescer com ela gradativamente para quando ela tiver 5 anos, sejam pais de uma criança de 5 anos e não daquela de 1 ano.

Sem perceber, alguns pais, interrompem esse fluxo do desenvolvimento. A criança está ali chamando para avançar para o próximo passo do crescimento e os pais ficam presos à sensação agradável do cheirinho do bebê, do cuti-cuti da mamãe, do dormir no peito do papai.

Quando percebem o quanto os pais estão sendo frágeis e inseguros consigo mesmos, os filhos ficam confusos e escancaram isso com atitudes agressivas, desatentas ou com pouco respeito.

Intelectualmente, os pais podem até achar legal a independência do filho, mas pouco estimulam para que a criança saia de seu perímetro de controle.

Os aspectos emocionais ficam submersos, quase imperceptiveis e constantemente são colocados embaixo de questões práticas de todo tipo. O medo de perder a sensação de proteção, perder a importância para os filhos e/ou a ansiedade são os mais comuns nestes casos. Se ficam nestes estados, os pais acabam não estimulando a capacidade do pequeno e optam por fazer pelas crianças o que elas são capazes de realizar. Então, será comum que crianças de 6 anos ainda não comam sozinhas.

Quando o adulto não tem tempo de esperar o tempo do aprendizado de determinada atividade da criança, isso pode atrapalhar todo o movimento da vida de crescer e deixar crescer.

A autonomia da criança começa a se desenvolver conforme os pais cedem seu papel dominante e permitem que ela possa experimentar coisas, pensar e sentir o mundo a partir dos seus próprios valores. Acompanham o filho, sem segurar seu desenvolvimento. Isso significa que vão ajuda-lo a pensar em formas para resolver a dificuldade, mas não resolvem pela criança. Ao perceber a abertura e entusiasmo da família em querer ajudar, a criança se sente estimulada e capaz de enfrentar o desafio.

Ao fazerem isso, os pais deixam o movimento natural do crescimento acontecer e vivem uma experiência muito rica, que é a da troca. Filhos autônomos, tem coisas para compartilhar com os pais. Essa troca gera proximidade, valoriza o vinculo afetivo, a boa convivência e novas maneiras de comunicação. O cotidiano tende a ficar mais alegre por que todos estão disponíveis para descobrirem o mundo, cada um com o seu olhar e respeitando a opinião dos outros.

Com amor,

Ana Flávia Fernandes

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