COMO ALERTAR OS FILHOS SEM TRANSFORMÁ-LOS EM PESSOAS MEDROSAS?

Uma coisa que grande parte das pessoas atendidas no consultório me confessa todos os dias de forma aberta ou oculta é: eu tenho medo!

De modo geral viver em uma selva de pedra se torna uma justificativa para muitos pais orientarem os filhos sobre os cuidados com sua segurança.

A sobrevivência é fundamental para todos nós. O ponto em questão é que muitos pais tentam manter o filho protegido em uma redoma de vidro. Essa atitude é o mesmo que deixá-lo enclausurado no abismo da autopiedade e segurança.

O mais intrigante é que tanto os pais quanto os filhos adotam uma postura tímida na vida. Não se arriscam em nada que possa quebrar sua redoma de vidro.

Fico com uma sensação de que essa família tem uma vida emocional pouco produtiva no sentido de se preservar tanto que mal consegue viver profundamente momento a momento. Isso não significa ter que viver altas aventuras e viagens pelo mundo a fora, mas sim sair da reta dos pensamentos óbvios e emoções indiferentes ao que lhes acontece a todo instante.

Uma coisa eu percebi, ninguém está sozinho nesta. Eu também sinto medo. Às vezes, ele me deixa incapaz de me mover para além de mim mesma. Tenho medos bobos de não ser boa no que faço ou de me entregar a algo importante e fracassar.

Nos baseamos no medo e agimos de tal forma que não conseguimos sair do lugar. Quanto mais alimentamos o medo, mais nos retraímos e menos oferecemos algo de bom para nós e para os outros. Assim, criamos uma barreira invisível que nos impede de sentir prazer, amar, rir, prosperar e nos deixarmos livres a ser como somos.

Fomos educados com essa falsa sensação de proteção e então recuamos a qualquer sinal de medo aparente. Seguimos nossa jornada existencial acreditando nisso e assim viramos filhos mimados da vida e temerosos em agir na direção da felicidade.

Para que tanto medo? Essa é a pergunta que sempre me faço quando ele tenta me bloquear.

Será que se arriscar para além do medo que nos protege dos carros quando atravessamos a rua é tão difícil a ponto de achar que toda nossa vida irá desmoronar?

Ninguém pode garantir qual caminho o filho vai seguir, mas, seja qual for, deve levar dentro de si valores como humildade, ética, amor, honestidade e gratidão, dispondo-se ao aprendizado e transmitindo o que puder para estabelecer relações integrais.

Com amor,

Ana Flávia Fernandes

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